A dor de um pai: a história da foto símbolo do terremoto na Turquia e na Síria
Fotógrafo relata como foi, em meio à devastação, registrar imagem de pai que segurava mão da filha que morreu soterrada após tremores que abalaram região.
Adem Altan, fotógrafo há 40 anos, tirava fotos em frente a um prédio em ruínas na cidade turca de Karamamaras, epicentro do devastador terremoto que arrasou Turquia e Síria na segunda-feira (6), quando viu, de repente, um homem sentado em meio aos escombros.
Como nenhuma equipe de resgate havia chegado ainda à cidade na terça-feira (7), no dia seguinte ao terremoto que deixou cerca de 20 mil mortos nos dois países, os próprios moradores tentavam retirar os escombros para salvar seus entes queridos.
Um homem de jaqueta laranja permanecia imóvel em meio ao tumulto, indiferente à chuva e ao frio. Altan percebeu, então, que o sujeito a 60 metros dele segurava uma mão.
Ele sacou sua câmera para registrar a cena: com o braço estendido, o pai se recusava a soltar a mão de sua filha, que estava morta entre os escombros e a devastação.
Enquanto o fotógrafo registrava o momento, o homem o acompanhava com o olhar.
O homem soltou a mão da menina por um breve instante para mostrar o lugar onde sua filha de 15 anos estava — mas rapidamente, voltou a segurá-la.
Logo após, ele perguntou o nome do homem e de sua filha. “Minha filha, Irmak”, respondeu o pai, Mesut Hancer.
O fotógrafo contou que “ele falava com dificuldade, com a voz muito baixa. Foi difícil fazer mais perguntas a ele, enquanto os moradores ao redor pediam silêncio para ouvir as vozes dos possíveis sobreviventes presos sob os escombros”.
Naquele momento, Altan pensou que a imagem resumia a dor das vítimas do terremoto. No entanto, ele não imaginava o impacto que a fotografia teria.
Publicada nas primeiras páginas da imprensa mundial, a imagem viralizou nas redes sociais e foi compartilhada milhares de vezes por internautas.
Altan tem recebido milhares de mensagens de todo o mundo com declarações de solidariedade e emoção diante da dor deste pai enlutado.
E Altan menos ainda.
Mesut Hancer segura a mão de sua filha de 15 anos, que morreu na cidade de Kahramanmaras, na Turquia, em 7 de fevereiro de 2023 — Foto: Adem Altan/ AFP
Fonte: G1